Stellantis no Brasil: como Jeep, Fiat, Peugeot e Citroën passam a atuar no Brasil?
fevereiro 18, 2021União da Fiat Chrysler com a PSA resultará em uma nova estratégia para as marcas.
Fiat hoje é a maior marca da Stellantis em volume de vendas e participação no mercado brasileiro.
Imagem: Divulgação
Os pesados custos para o desenvolvimento de novas tecnologias, sobretudo os carros autônomos e elétricos mais eficientes, forçou diversas fabricante a procurarem fusões ou alianças para manter suas operações viáveis financeiramente e, em paralelo, ganhar fôlego para o desenvolvimento dos automóveis a combustão que ainda vão sustentar o caixa dessas empresas por um bom tempo até que a transição para os veículos eletrificados esteja completa.
A Fiat Chrysler tentou uma aproximação com a Renault, porém, por conta de questões políticas em especial do governo francês, a união entre os conglomerados não passou do campo das intenções. Enxergando no imbróglio gerado pela Renault uma excelente oportunidade, a PSA não perdeu tempo e conseguiu costurar um acordo entre as altas cúpulas das duas empresas para iniciar uma bem-sucedida fusão, a qual começou a operar neste ano com a concretização da Stellantis. Pela rapidez com que as duas gigantes automotivas uniram suas operações, a tendência é que uma parceria bastante produtiva guie os próximos passos da Stellantis.
Mas e o Brasil? Como ficamos nessa história?
Por aqui, a Stellantis vai reunir marcas relevantes e com uma história importante no país. Começando pela Fiat, marca de excelente aceitação em nosso mercado, passando pela Jeep, que construiu um portfólio nacional de sucesso, bem como as francesas Citroën e Peugeot, que devem receber um estímulo nos próximos anos agora sob a nova companhia. A Stellantis também atuará aqui no Brasil com a marca Ram especializada em picapes.
Em janeiro, a Stellantis tornou-se o conglomerado automotivo líder em vendas na América do Sul. Só no Brasil foram 45.644 carros vendidos entre as quatro marcas, totalizando 28,1% de participação de mercado. O novo grupo também obteve 29% de participação na Argentina, onde também foi o líder em vendas.
Na mesma coletiva em que apresentou os planos da Fiat para 2021 aqui no Brasil, Herlander Zola, diretor da marca no país, nos apresentou algumas diretrizes importantes que deverão nortear as atividades da Stellantis por aqui.
De acordo com o executivo, a perspectiva é que a Stellantis monte um portfólio de produtos complementar olhando para todas as suas marcas no Brasil. “Cada marca terá sua identidade preservada. A ideia é criar uma gama complementar”, revelou Zola no encontro com a imprensa especializada que contou com a participação do AUTOO. Logo, fica claro pela fala do executivo que dificilmente teremos dois modelos de alguma das marcas da Stellantis aqui no Brasil atuando no mesmo segmento.
Ao olharmos a estruturação das marcas da Stellantis aqui no Brasil a missão não será difícil, uma vez que cada empresa que integra o conglomerado conta com uma orientação bem clara e definida.
Como dissemos, a Ram ficará responsável pelas picapes de maior porte. A Jeep, por sua vez, é naturalmente identificada com o segmento off-road e deverá ser a responsável por colocar no mercado sobretudo SUVs com tração 4×4. A Fiat deverá preservar sua orientação de carros urbanos e com foco no custo-benefício competitivo. Peugeot e Citroën, por sua vez, deverão atuar na faixa de “compactos premium” e modelos com maior foco no acabamento, design e sofisticação, imagem já mais consolidada e vinculada a essas marcas.
Alguns bons exemplos da nova estratégia de complementaridade por parte da Stellantis poderá ser vista neste ano.
A Fiat sinalizou claramente que seu primeiro SUV compacto nacional não deverá avançar sobre o território hoje muito bem controlado pelo Jeep Renegade. Compartilhando muito de sua estrutura com o Argo, o SUV da Fiat deverá ser menor do que o Renegade e atuar em uma faixa de preço mais acessível. Dessa forma, qualquer sobreposição entre os modelos dificilmente poderá ocorrer.
Na mesma linha de raciocínio, a Jeep já prepara seu aguardado SUV 7 lugares para o segundo semestre deste ano e apenas ela deverá ter um utilitário esportivo nacional com essa configuração de assentos por aqui.
Se tomarmos como base o conceito Fastback revelado em 2018, o segundo SUV brasileiro da Fiat deverá ser um modelo de porte médio-grande (comprimento na casa de 4,60 m), que vai se diferenciar do Compass e do futuro Jeep 7 lugares ao adotar um estilo muito mais arrojado e esportivo para a carroceria.
Em paralelo, a comunhão de diferentes marcas sob o mesmo grupo empresarial pode ajudar com que outros modelos tornem-se ainda mais competitivos, aprimorando os resultados da empresa na região. Corre nos bastidores, por exemplo, que o Peugeot 208 argentino pode receber o motor 1.0 turbo com injeção direta que a Fiat produzirá em Betim (MG). Certamente isso será algo que vai mudar o jogo para o hatch francês por aqui, em especial nos seus catálogos mais caros.
Como é possível notar, a Stellantis contará com uma linha de marcas e modelos bastante interessante no Brasil. Ao, de uma forma correta, preservar os pontos fortes de cada uma das marcas e ir aumentando sua participação em segmentos-chave do mercado, tudo leva a crer que o conglomerado recém-criado terá todas as condições para obter muito sucesso por aqui.