Brasil precisa de um plano nacional para a transição energética.
dezembro 14, 2021País precisa atingir um patamar de eletrificação compatível com a importância do seu mercado.
Mês após mês, as vendas de carros elétricos e híbridos têm registrado recordes no Brasil. Não há dúvidas que a eletrificação segue avançando no país, mas essa é uma questão que tem que ser analisada com algumas ressalvas. Qual o impacto real desse crescimento na frota total e nesse ritmo quanto tempo levaríamos para a transição energética?
Essas últimas questões ainda são temas pouco abordados, embora haja alguns estudos, como o realizado pela Anfavea em parceria com o Boston Consulting Group, que prevê alguns cenários possíveis em termos de eletrificação da frota. De acordo com o levantamento, hoje com 2% de participação no mercado, os eletrificados (elétricos, híbridos e híbridos plug-in) podem representar entre 12% e 22% do mercado em 2030 e 32% a 62% em 2035, dentro dos cenários estipulados.
Segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o total de automóveis e comerciais leves eletrificados em circulação no Brasil chega a quase 73 mil. Tal crescimento deve ser comemorado, mas sem obscurecer o fato de que esse mercado no Brasil ainda cresce num ritmo muito inferior ao dos principais países do mundo, lembrou o presidente da ABVE, Adalberto Maluf.
“Temos de avançar muito ainda para o Brasil alcançar o patamar de eletrificação de sua frota compatível com o tamanho a e importância do mercado brasileiro de automóveis”.
“A participação dos veículos elétricos na Europa, por exemplo, deve pular dos atuais 11% de market share para nada menos do que 22% este ano. E este número só inclui os veículos BEVs e o PHEVs, ou seja, os elétricos plug-in. No Brasil, estamos comemorando 2%, mas incluindo nessa conta os veículos híbridos não plug-in”.
O executivo ainda destaca a falta de incentivo para os carros elétricos e, principalmente, a falta de um plano estratégico nacional para a mobilidade de baixas emissões.
“No Brasil, o veículo a combustão paga menos imposto do que o veículo elétrico, o que é um contrassenso. Além disso, o mercado se ressente da inexistência de um plano nacional de eletromobilidade liderado pelo governo federal, que seja capaz de integrar todas as ações do país ao objetivo de reduzir as emissões de poluentes no transporte, com metas viáveis e definidas”
“Contribuir para viabilizar esse plano nacional é o principal programa de trabalho da ABVE em 2022” – concluiu Adalberto Maluf.
A conclusão é que ainda que haja um cronograma de vários lançamentos de carros elétricos no Brasil em 2022, o mercado de mobilidade elétrica ainda continuará restrito devido aos baixos volumes e com uma participação ínfima em relação ao total de emplacamentos (considerando todos os tipos de propulsão).
De fato, como dissemos, as vendas de eletrificados continuarão em crescimento, com presença cada vez maior dos modelos 100% elétricos no país. Mas insistimos, os governos e a sociedade precisam se unir em torno de um plano estratégico com metas e objetivos definidos dentro da realidade nacional. Só assim o Brasil acompanhará a transição energética que já está acontecendo em termos globais.
Fonte: ABVE