Emissão de CO2 ditará contratos da Stellantis com fornecedores.

Emissão de CO2 ditará contratos da Stellantis com fornecedores.

maio 23, 2023 Off Por motoractionbrasil

Reduzir emissões de CO2 é requisito básico para que empresas mantenham contratos com a fábrica em Betim.

imgA Stellantis está alinhando estratégias com as cadeias siderúrgica e de plásticos, consideradas as mais complexas |

Fornecedores da fábrica da Stellantis (antiga Fiat) localizada em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), têm até 2026 para se adequarem aos parâmetros de descarbonização da montadora. A redução de emissões gás carbônico (CO2) é um dos requisitos para que as empresas mantenham seus contratos ativos com a companhia nos próximos anos.

Até lá, a empresa realiza um trabalho de mapeamento e estruturação da cadeia, de forma que todos os integrantes tenham seus processos adaptados à nova realidade sustentável mundial e alinhados aos objetivos do grupo. O plano estratégico global da empresa, Dare Forward 2030, projeta a descarbonização completa de todo o ciclo de produção até 2038. Além disso, a expectativa é uma redução de 50% já em 2030.

De acordo com o vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis na América do Sul, João Irineu Medeiros, no caso do cinturão de Betim, o principal desafio está nos “fornecedores dos fornecedores”. Segundo ele, existe muita ação individualizada e a empresa precisa trabalhar pela convergência. A exemplo dos fornecedores de aço, que respondem, por exemplo, por cerca de 20% das emissões relacionadas às peças dos automóveis.

“Cada fornecedor tem sua política e sua ação de descarbonização. E todas são válidas. Mas precisamos que estejam todas alinhadas de maneira que o aço do nosso carro reduza em 50% as emissões em 2030”, exemplificou.

Aço e plástico são cadeias mais complexas no quesito CO2

Por isso, neste momento, a Stellantis está, justamente, alinhando essas estratégias com a cadeia siderúrgica. Da mesma maneira, tem trabalhado junto aos fornecedores dos componentes plásticos. Conforme o executivo, são dois grupos complexos no quesito transformação. E o propósito é: a montadora apresenta o desenho do produto e a sustentabilidade que deseja e o fornecedor trabalha com seus pares, ou seja, tears para dar sequência no modelo, em cascata.

“O objetivo é pegar esse desenho, entregar para os nossos fornecedores e eles repassarem ao seu ecossistema, cascateando as metas. Esta é uma condição para contratar os fornecedores daqui para frente. No caso do cinturão de Betim, as multinacionais estão muito preparadas, as empresas grandes e locais estão preparadas e a maior dificuldade está nos tears 2 e 3. Aí está nosso maior desafio”, revelou.

Em termos de prazo, Medeiros disse que já existem metas sendo traçadas agora para veículos que serão lançados a partir de 2026. “O fornecedor só ganha o negócio se nos garantir que, em 2026, quando a Stellantis estiver fabricando os novos modelos já com essas premissas, ele também já vai estar cumprindo os requisitos. E os objetivos são para todos. Quem não cumprir, não fecha o negócio. Assim como eles têm que ser competitivos no preço, no volume e na qualidade, também terão que ser na questão do CO2”, frisou.

Vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis na América do Sul, João Irineu Medeiros, durante apresentação
João Irineu Medeiros aponta que maior desafio está “nos fornecedores dos fornecedores” | Crédito: Jackson Romanelli

Emissões de CO2 no ciclo de vida do automóvel

O executivo detalhou as emissões do veículo em todo seu ciclo de vida. Segundo ele, na etapa de produção, considerando a mineração, o processamento das matérias-primas, a manufatura dos componentes e a logística até a montagem do veículo, são emitidos entre 10% e 15% de CO2 do processo. Dentro da planta, durante a montagem, a emissão é de 1% ou 2%. Já durante o uso do veículo, o percentual é mais de 80% e no fim da vida útil, é lançado ainda cerca de 2%.

“Por isso é tão importante nos preocuparmos com toda a cadeia e também com as emissões durante o uso dos veículos”, completou.

E para cumprir essas metas, o grupo está investindo em diferentes frentes, inclusive, no desenvolvimento de tecnologias para a criação de um modelo híbrido elétrico a etanol. Conforme já publicado, o projeto, chamado Bio Electro, será desenvolvido no Brasil, tendo como epicentro a unidade de Betim. A estimativa é que os primeiros resultados sejam alcançados até o final do ano. Apesar de não definir datas, os lançamentos podem ocorrer nos próximos anos.

Veículos elétricos não são ideais para o Hemisfério Sul

O executivo ressaltou as vantagens competitivas do modelo, explicando que os veículos 100% elétricos ainda possuem algumas barreiras no Hemisfério Sul, inclusive, no Brasil. Mas que, por outro lado, o País conta com vantagens competitivas que poderão beneficiar a transição energética do setor automotivo.

“O carro elétrico não é viável para o Hemisfério Sul. Basta olharmos para os países mais desenvolvidos e que já fazem uso deste tipo de veículo para vermos a diferença. No entanto, surge uma oportunidade para o Brasil se destacar e fazer essa descarbonização até atingir as condições de uso de baterias em larga escala, com custo baixo e tecnologia melhor definida. Antes, porém, é preciso pensar em carros de entrada. E é isso que estamos propondo. Veículos com motores pequenos conjugados entre a combustão e a parte elétrica”, disse.

Por fim, ele explicou que a parte elétrica poderá ajudar nas emissões do motor e que se for combinado com etanol, as chances de neutralização são ainda maiores. É que o biocombustível lança 70% menos de gás carbônico na atmosfera.

Por: Redação