Volkswagen quer reduzir vulnerabilidade por falta de peças.

Volkswagen quer reduzir vulnerabilidade por falta de peças.

abril 22, 2022 Off Por motoractionbrasil

Grupo quer que sua cadeia de abastecimento seja menos afetada pelos conflitos globais.

Fábrica VW em Wolfsburg

A Volkswagen é uma das montadoras no mundo que mais estão sofrendo com a falta de suprimentos na indústria automotiva, algo que vem respingando no Brasil à exemplo das diversas paralisações em suas fábricas no país. Mas a marca quer deixar essa vulnerabilidade para trás com seu novo plano de crescimento, como anunciado pelo CEO do Grupo Volkswagen, Herbert Diess.

De acordo com o Automotive News Europe, o Grupo Volkswagen estará dando mais força para suas marcas e países em que estiver. O plano de crescimento prevê reduzir a vulnerabilidade da montadora aos efeitos de conflitos no mundo, que vão desde a interrupção da cadeia de abastecimento até ao aumento de preços. Em uma publicação na rede social LinkedIn, o CEO da VW disse: “As últimas mudanças geopolíticas e o aumento da construção de blocos têm exposto nossa vulnerabilidade global, particularmente com relação aos EUA”.

Volkswagen Fábrica Anchieta - 60 anos

O manda-chuva da Volkswagen não detalhou quais os eventos políticos estava se referindo, mas é bem certeiro dizer que o CEO da montadora estava falando indiretamente da invasão da Ucrânia pela Rússia. A guerra afetou as operações da Volkswagen, que desde então teve que suspender a venda de híbridos plug-in por falta de componentes. A falta de chicotes elétricos, que eram feitos na Ucrânia, atrapalhou a produção dos elétricos ID.3, ID.4 e ID.5 da VW, assim como do Audi Q4 e-tron. Outras montadoras foram muito prejudicadas pelo conflito, pois as sanções ocidentais acabaram por elevar o preço da energia e das matérias-primas no setor.

Todo esse cenário acendeu a luz amarela na indústria automobilística em relação a dependência de componentes feitos em países que estejam envolvidos em algum tipo de conflito. A maior preocupação atual é como o setor lidaria se as crescentes tensões com a China acabassem levando a sanções econômicas.

Vale lembrar que a China responde atualmente por aproximadamente 40% das vendas da Volkswagen, embora as marcas do grupo (ou mesmo a própria Volkswagen) ainda estejam muito atrás dos concorrentes no país no segmento de carros elétricos – que já representa uma boa margem naquele mercado. No ano passado, a fabricante não atingiu sua meta de vender de 80.000 a 100.000 veículos elétricos no país.

A VW alertou na semana passada que estava sentindo o impacto do aumento dos preços e dos gargalos na cadeia de suprimentos. Para se ter ideia, os emplacamentos de automóveis da marca caíram 37% em março em comparação ao mesmo período do ano passado. A própria falta de chicotes elétricos, que são produzidos na Ucrânia, acabou atrasando o lançamento de um de seus principais modelos elétricos, o ID.5, para maio. Os lockdown frequentes na China também acabam por atrasar a produção da Volkswagen no país, o que acaba atrapalhando também os planos da marca em expandir a venda de veículos elétricos na China.

Apesar disso, o CEO do Grupo VW disse que a diretoria da montadora viu seus negócios na China crescerem, aumentando a divisão de software Cariad e reorganizando sua estrutura de liderança de marca como as questões mais urgentes enfrentadas pela montadora. Por fim, o executivo afirmou que a VW divulgará mais detalhes nas próximas semanas como as responsabilidades serão divididas no decorrer que o grupo evolui de uma montadora tradicional para uma empresa de mobilidade verticalmente integrada.

“Nossos concorrentes não se chamam mais Mercedes-Benz, Toyota Motor Corporation ou Stellantis, mas Tesla, Foxconn, Apple, LG Electronics, Uber etc.”, finalizou Herbert Diess.

Fonte: Automotive News Europe